Dia Internacional da Mulher: troque seu parabéns por respeito
Quando pensamos em elaborar um material especial pelo Dia Internacional da Mulher (e pelo mês da Mulher) sempre trazemos o histórico e conjuntura política para contextualizar a data e trazer informação para quem ainda não conhece profundamente, mas neste texto em especial a primeira reflexão será direcionada aos homens.
Sim, falar sobre a história, a luta das mulheres contra o patriarcado e o machismo são de extrema importância e o tema tem ganhado espaço e força na sociedade, mesmo que a passos lentos, e é por esse motivo que chamaremos os homens à reflexão: Qual foi a última vez que você andou pelas ruas durante a noite, cruzou com uma mulher estranha e teve medo de ser abordado ou estuprado? Quando, em uma discussão com a sua parceira, você foi agredido fisicamente? Você tem suas finanças controladas por sua esposa/namorada?
Antes de você pensar nas respostas, entenda que são apenas perguntas retóricas para que você possa pensar sob a ótica de uma mulher, pois sabemos que a realidade para homens e mulheres é muito diferente, o machismo violenta, diminui, estupra e também mata todos os dias.
Por mais empático que possa ser, um homem nunca sentirá a real sensação de andar sozinha na rua e cruzar com um homem, não importa a hora do dia. A mulher, desde pequena, é ensinada a fugir de situações que colocam em perigo sua vida e sua integridade, são assediadas no transporte público, espancadas por seus maridos/namorados, assassinadas por aqueles que acreditam que mulheres são objetos e, como tal, têm donos.
Ou seja, desde que o mundo é mundo, nascer mulher é um ato de resistência, mas com o dos casos de violência doméstica, feminicídio, a reprodução do machismo por outras mulheres e a descredibilização das vítimas é necessário que haja espaço, conscientização e seja dada a devida importância para todo e qualquer movimento que busque a proteção da saúde da mulher, seja ela física ou mental. De acordo com o Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, divulgado em dezembro do ano passado, somente em 2023, 3.858 mulheres foram assassinadas. Especificamente durante o período pandêmico, entre 2020 e 2021, 7.691 vidas femininas foram perdidas no país.
O machismo é cultural e influencia diretamente na manutenção de muitos relacionamentos (não necessariamente amorosos) e utilizado como arma contra as mulheres das mais variadas faixas etárias, classes sociais e níveis culturais. “O machismo é um dos pilares dos relacionamentos abusivos e é uma violação aos direitos das mulheres, é ele o responsável por atacar a saúde física, mental, social, patrimonial e psicológica de suas vítimas e é contra ele que lutamos todos os dias”, explicou a coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Bancários de Guarulhos e Região, Sara Cristina Lee.
O espaço para o debate e a conscientização das mulheres é a luz no fim do túnel para que possam reagir às violências que sofrem. Nem sempre o homem oprime com socos e pontapés, há também violências tão sutis que levam tempo até o despertar e a proteção, a informação é uma poderosa ferramenta contra o machismo.
Tipos de violência
Violência Patrimonial – “Não quero que você se preocupe com nada, eu cuido de você”. O discurso é bonito, mas a realidade pode ser cruel. Parceiros que controlam o dinheiro de suas namoradas/esposas, monitoram seus gastos, destroem pertences, roupas e até documentos estão cometendo violência patrimonial, crime previsto na Lei Maria da Penha.
Ela começa de maneira discreta e quando a mulher se dá conta não tem mais autonomia sobre suas finanças, o parceiro usa seu dinheiro ou se apossa de seus bens materiais para exercer total controle sobre ela.
Violência psicológica – Uma das coisas mais cruéis a que mulheres são submetidas em relacionamentos (não necessariamente amorosos) é a agressão psicológica. Elas são diminuídas, humilhadas, têm a autoestima destruída, sofrem com constantes ameaças e têm medo de emitirem uma simples opinião.
É importante manter-se em estado de alerta, já que os agressores tendem a alcançar a violência física após agirem um tempo acabando com o psicológico das vítimas. Assim como a violência patrimonial, a psicológica também é amparada pela Lei Maria da Penha e há uma lista de condutas que tipificam crime: humilhação, manipulação, isolamento da vítima, monitoramento constante, insultos, chantagem, distorção e omissão de fatos que deixam a mulher confusa e etc.
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Violência Sexual – É qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção. E esse é um assunto de extrema delicadeza para as mulheres, pois o medo da violação de seus corpos é algo que as acompanha desde a mais tenra idade, mas engana-se quem acha que estuprador é só aquele desconhecido que aborda a vítima nas ruas, na grande maioria dos casos (70% deles, para ser mais exato) a violência sexual é cometida por conhecidos e, pasmem, inclusive por maridos/noivos/namorados.
Muitas mulheres casadas não consentem o ato sexual, mas acreditam na teoria da “obrigação de mulher” para satisfazer os companheiros que não respeitam suas vontades. É preciso denunciar os agressores e as vítimas devem buscar ajuda o quanto antes, procurando atendimento especializado e com registro de boletim de ocorrência para levar o caso a julgamento.
Violência Física – Começa com ciúmes, evolui para alterações no humor, violência psicológica, surtos contra objetos e quando menos se espera a explosão com socos, pontapés, empurrões e, muitas vezes, homicídio! Muitas mulheres são vítimas de violência por parte daqueles que lhes devem respeito.
De acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, feita pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência, e divulgada em novembro de 2023, três em cada 10 mulheres brasileiras já sofreram violência doméstica.“Sabemos que os números são infinitamente maiores e que a subnotificação engana, as mulheres que já eram vítimas de violência antes do isolamento agora vivem em cárcere, é extremamente preocupante”, comentou Sara.
Misoginia – aversão, desprezo ou ódio sistemático e profundo em relação às mulheres e pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo com discriminação, violência preconceito, estereotipagem negativa, subjugação e marginalização do sexo feminino. Podendo ocorrer em níveis sociais e institucionais, sendo frequentemente enraizada em estruturas culturais e históricas que perpetuam desigualdades de gênero.
Machismo é problema social!
A raiz de todos os tipos de violência contra a mulher é o machismo! Conscientemente ou não, o machista acredita que a mulher é inferior, que sua autoridade como homem não deve ser contrariada e o problema é tão enraizado que a própria vítima demora a se dar conta do que enfrenta.
Não há como discordar de que o machismo é cultural e afeta a economia, política, religião, família e toda a sociedade. Vivemos muitos anos normalizando tais atitudes, justificando a ação do agressor de acordo com as atitudes da vítima, mas há algumas décadas tal comportamento começou a ser problematizado e tem ganhado espaço, principalmente por mulheres que lutam pela igualdade e equidade de gênero.
“Todas sabemos que o machismo privilegia os homens, alguns têm consciência, mas a maioria ainda se beneficia dele e não está disposta a abrir mão dos privilégios. Estamos avançando devagar, a revolução começa com o despertar das mulheres”, concluiu a coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sindicato.
Sou vítima de violência, como denunciar?
➤ Emergência: ligue 190 para falar com a Polícia Militar
O atendimento telefônico é gratuito e imediato. A central 190 funciona 24 horas.
➤ Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher
O serviço registra e encaminha denúncias aos órgãos competentes e fornece informações sobre os direitos das mulheres, bem como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso, como as Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam).
Procure uma Delegacia Especializada da Mulher – DDM próximo à sua casa, ou Delegacia de Polícia fora do horário comercial.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. O contato pode ser feito pelas formas a seguir.
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Telefone fixo ou celular: discar 180;
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WhatsApp: mandar mensagem para (61) 99656-5008;
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Telegram: digitar “Direitoshumanosbrasilbot” na busca do aplicativo;
Origem do Dia Internacional da Mulher
“O Dia Internacional da Mulher é uma data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.
Há uma história que ficou muito conhecida como fundadora desse dia que narra, em 8 de março de 1857, 129 operárias morreram carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York. Supostamente, esse incêndio teria sido intencional, causado pelo proprietário da fábrica, como forma de repressão extrema às greves e levantes das operárias, por isso teria trancado suas funcionárias na fábrica e ateado fogo nelas. Essa história, contudo, é falsa e, por isso, o 8 de março não está ligado a ela.
Existe, no entanto, outra história que remonta a um incêndio que de fato aconteceu em Nova York, no dia 25 de março de 1911. Esse incêndio aconteceu na Triangle Shirtwaist Company e vitimou 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria dos mortos judeus. Essa história é considerada um dos marcos para o estabelecimento do Dia das Mulheres.
As causas desse incêndio foram as péssimas instalações elétricas associadas à composição do solo e das repartições da fábrica e, também, à grande quantidade de tecido presente no recinto, o que serviu de combustível para o fogo. Além disso, alguns proprietários de fábricas da época, incluindo o da Triangle, trancavam seus funcionários na fábrica durante o expediente como forma de conter motins e greves. No momento em que a Triangle pegou fogo, as portas estavam trancadas.
Fonte: Brasil Escola
Sindicato realiza palestra sobre violência contra a mulher, ministrada por Fabiana Chimirri
O Sindicato d@s Bancári@s de Guarulhos e Região recebe no dia 27 de março, a partir das 19h, a assistente social da Subsecretaria de Política para Mulheres do município de Guarulhos, Fabiana Chimirri, para uma palestra sobre os desafios do combate à violência contra as mulheres. O evento é aberto ao público, que será recebido com um coffee break a partir das 18h.
“É de extrema importância discutir o ciclo da violência contra a mulher e debater maneiras para derrubar os índices para que, em um futuro próximo, medidas educacionais aliadas às políticas públicas e leis mais rígidas nos permitam comemorar a redução da violência”, pontuou a coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sindicato, Sara Cristina.