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“Ainda Estou Aqui” leva o Oscar de Melhor Filme Internacional e entra para a história

Na noite do dia 2 de março, em pleno Carnaval brasileiro, o cinema nacional brilhou no palco do Dolby Theater, em Los Angeles, onde aconteceu a cerimônia do prêmio de cinema mais importante do mundo, o Oscar. “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, venceu na categoria de Melhor Filme Internacional, e colocou o Brasil no topo do mundo, marcando a história do audiovisual nacional e destacando a importância da luta por memória e Justiça.

O filme narra a história da família de Rubens Paiva, deputado cassado, sequestrado e morto pela ditadura militar, sob a perspectiva de sua viúva, Eunice Paiva. Uma trajetória de dor e resistência que é resgatada com sensibilidade e força para mostrar ao mundo sua incansável luta pela verdade e reconhecimento.


Assim que o prêmio foi anunciado pela atriz Penélope Cruz, Walter Salles subiu ao palco e dedicou a conquista à coragem de Eunice Paiva e fez uma linda e merecida homenagem às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam a protagonista da história em diferentes momentos da trama. “Esse prêmio vai para uma mulher que, depois de sofrer uma perda durante um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Esse prêmio vai para ela”, afirmou Salles, recebendo uma salva de palmas de pé da plateia. “E vai para as duas mulheres que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.“, completou.

A conquista do filme coroa também a importância da Comissão da Verdade, implantada durante o governo Dilma Rousseff, que permitiu que Marcelo Rubens Paiva resgatasse a história de seu pai e transformasse essa memória em literatura e cinema.


A vitória do filme é também um lembrete da importância da memória e do conhecimento de nossa própria história, de que a ditadura foi um período sombrio, marcado por censura, tortura e repressão e que compreender o passado é fundamental para que esse período tão sombrio não volte a se repetir nunca mais.


Em uma entrevista à Variety durante a sua campanha ao Oscar, a atriz Fernanda Torres destacou o contexto global da ditadura brasileira, reforçando sua ligação com a Guerra Fria e a influência direta dos Estados Unidos no golpe de 1964: “A ditadura no Brasil não aconteceu isoladamente, foi parte da Guerra Fria. Os Estados Unidos patrocinaram a ditadura, foi uma época distópica.”


Por memória, por Justiça, para que não se repita!

“Ainda Estou Aqui” também concorreu nas categorias de Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme, mas foi superado nessas categorias pela atriz Mikey Madison e pelo filme “Anora”, respectivamente.



Vitória repercute no Brasil e no mundo

Os brasileiros deram uma pausa nos festejos carnavalescos para prestigiar a vitória do filme. Nas ruas, o som dos blocos abriram caminho para os telões que transmitiam a cerimônia do Oscar ao vivo e assim que o nome de “Ainda Estou Aqui” foi lido como campeão da categoria Melhor Filme Internacional, a reação do público foi como um gol marcado aos 45 do segundo tempo em uma final de Copa do Mundo.

Mas a vitória também repercutiu e emocionou fora dos limites brasileiros. A rede britânica BBC disse que “o filme ‘Ainda Estou Aqui’ rendeu o maior aplauso da noite na sala de imprensa” da cerimônia e o New York Times, que chegou a apostar na vitória de Fernanda Torres, publicou que “o filme foi um sucesso de bilheteria no Brasil, onde muitos se lembram do legado da ditadura militar”.


Os protagonistas do filme também se pronunciaram através das redes sociais. Selton postou um vídeo com sua reação ao anúncio e Fernanda publicou o envelope com o nome do filme e outra da estatueta nas mãos de Walter Salles, usando como legenda a icônica frase do filme “Nós vamos sorrir, sorriam”.



No “X”, o presidente Lula parabenizou a equipe pela vitória e disse sentir orgulho de ser brasileiro, do cinema nacional e, principalmente, da Democracia.

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