Consciência NegraDESTAQUEEventosNegr@s

Palestra “Racismo e Trabalho” debate raízes históricas do racismo e seu impacto nas relações profissionais

Na manhã deste sábado, 7 de junho, o Sindicato dos Bancários de Guarulhos e Região promoveu a palestra “Racismo e Trabalho”, conduzida pelo historiador e professor Weber Lopes Góes. O evento reuniu bancários, bancárias, dirigentes sindicais e estudantes do cursinho GEVA para uma reflexão profunda sobre as origens históricas do racismo e suas consequências no mundo do trabalho. 

 

Durante sua exposição, o professor Weber apresentou um resgate histórico sobre a construção do racismo como uma ideologia de dominação, desmontando mitos e mostrando como o conhecimento africano foi sistematicamente apagado ou apropriado ao longo da história. Um dos principais pontos abordados foi o processo de embranquecimento da população europeia após a migração de povos africanos para o continente.

 

Segundo o professor, o racismo é anticientífico e antihistórico, já que há registros de que os povos africanos possuíam um vasto conhecimento em astronomia, agricultura, filosofia, arquitetura e medicina muito antes do contato com os europeus. “O europeu sequer sabia que a Terra era redonda até esse contato”, explicou. “Foi com os africanos que ele passou a diversificar sua alimentação, melhorar a qualidade do que comia e entender o mundo ao seu redor.”

 

O historiador também destacou que a filosofia tem raízes africanas. “Platão passou 24 anos no Egito aprendendo com os africanos. Só depois disso a filosofia chegou à Grécia antiga”, afirmou. Ele ressaltou que a África não apenas contribuiu, mas foi essencial para o desenvolvimento da civilização humana, inclusive influenciando transformações físicas em grupos que migraram para regiões mais frias.

 

“O branco se branqueou por causa dos africanos”, enfatizou Weber. Ele explicou que Grimaldi, o primeiro Homo sapiens, ao dominar o fogo, migrou para a Europa e, com o tempo, as condições climáticas extremas causaram adaptações no corpo humano: a pele se despigmentou, o cabelo se alisou para aquecer melhor, o nariz afinou para aquecer o ar inalado, e os olhos clarearam devido à menor exposição solar.

 

“O racismo esconde tudo isso. Ele inverte a lógica da história para justificar uma estrutura de dominação. A verdade é que os europeus aprenderam com os africanos, e não o contrário. É por isso que o racismo é, antes de tudo, uma mentira histórica usada para manter privilégios.”, afirmou o professor Weber Lopes Góes.

 

Ao naturalizar desigualdades e esconder a contribuição dos povos africanos, o racismo estrutura até hoje as relações profissionais. Ele se manifesta na exclusão de pessoas negras dos cargos de liderança, nas diferenças salariais, nas barreiras de acesso e na invisibilidade de talentos. Reconhecer que a história foi manipulada para justificar privilégios é o primeiro passo para desmontar essa lógica no ambiente de trabalho. 

 

Confira abaixo a galeria de fotos do evento

Crédito imagens: João Cardoso/secretário de Comunicação do Sindicato 

 

loading