Tornar economia acessível à sociedade é fundamental à democracia
Nos últimos anos, o tema econômico foi alçado a uma questão de maior preponderância política, com grande influência nos debates que determinam as eleições nos países. O problema é que, ao mesmo tempo, o campo progressista perdeu espaço nas discussões socioeconômicas, por conta das avalanches de fake news (informações falsas) e da propagação de ideias que não estão à serviço do bem-estar social.
O diagnóstico foi feito pela economista e cientista social, Juliane Furno, assessora da diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nesta quarta-feira (13), primeiro dia do curso “Economia para Transformação Social”, realizado pela Secretaria de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), na sede da entidade, em São Paulo. Participaram do atividade pelo Sindicato d@s Bancári@s de Guarulhos e Região @s diretor@s Glaucia Iano Fantini, Sara Cristina Lee, Júlio César, Roberto Leite e Jessé Costa.
Juliane, que também é professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), explicou que, em geral, as pessoas não gostam de economia, porque o tema é apresentado de um ponto de vista “seletivo e particular”, que alimenta “o mito de que as melhores decisões econômicas para a sociedade são aquelas determinadas por técnicos”.
“Economia é economia política, portanto não se trata de um tema para economistas, mas da sociedade, um tema da democracia. Quanto mais a sociedade se apropriar do conhecimento econômico, melhor para as discussões que definem os rumos da política”, pontuou a professora.
Origem do curso
O curso “Economia para Transformação Social” foi criado pela Fundação Perseu Abramo, a partir do diagnóstico, apresentado acima por Juliane Furno, feito pelo Núcleo de acompanhamento de políticas públicas (Napp) Economia, da Perseu Abramo.
Foi então que a entidade, com apoio de um grupo de economistas, desenvolveu o curso e também um livro, com o mesmo nome (link para o livro), assinado por Juliane Furno e pelo economista Pedro Rossi, também palestrante do curso da Contraf-CUT, nas atividades desta quinta-feira (14).
“É um livro didático, que trata os temas da forma mais popular, recorrendo à linguagem cotidiana, mas também com conteúdo teórico crítico, fundamental para que possamos nos posicionar melhor na batalha das ideias”, pontuou Juliane.
O secretário de Formação da Contraf-CUT, Rafael Zanon, explica que o interesse em trazer o curso para os dirigentes sindicais surgiu ainda no ano passado, para melhorar os instrumentos teóricos da classe trabalhadora como um todo. “Com esse aprofundamento sobre economia, esperamos que os dirigentes tenham mais segurança para transmitir esse conhecimento às bases e em debates decisivos, nas ruas e nas mídias sociais. Esse é o objetivo que queremos alcançar, ao trazer o curso para a Contraf-CUT”, destacou.